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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca do Funk Pós-Punk Pré-Alternativo

por Tiago, em 06.08.17

Para mim os Red Hot Chili Peppers começaram por ser a banda do Californication e de tudo o que veio a seguir até ao Stadium Arcadium.  Nesta fase eram uma banda com os dois pés bem fincados no rock alternativo, com ecos distantes do funk de álbuns como Mother's Milk ou da mistura em ponto-de-rebuçado de Blood Sugar Sex Magic. Ainda assim, é interessante lembrar que na sua génese os Red Hot foram buscar muito ao movimento punk de Los Angeles e era muito mais esse o estilo inicial particularmente influenciado pelo seu primeiro guitarrista, o malogrado Hillel Slovak.

Assim, e a propósito de um dos livros interessantes que li nos últimos tempos, a biografia do Anthony Kiedis, vocalista da banda, tenho redescoberto algumas das músicas mais antigas e a propósito de Subway to Venus tive que me recordar de uma frase auspiciosa que Kiedis proferiu quando o baixista Flea se quis despedir da banda por causa das espiral de consumo de drogas em que este se encontrava.

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 E tinha razão o tipo.

Acerca dos Irmãos Karamázov

por Tiago, em 25.07.17

No fim de um livro como Os Irmãos Karamázov sinto-me sempre como aquelas anacondas que abocanharam uma gazela de 300kg e agora estão ali meio abananadas durante uns tempos até conseguirem fazer a digestão.

Na realidade foi o livro mais difícil de todos os que li de Dostoievski tendo em conta a sua enorme densidade e complexidade dos raciocínios expostos sobre temas essenciais como a Fé e a forma como pode ser reconciliada com um mundo onde a existência do Mal é evidente. É esta dicotomia que gera uma das mais interessantes passagens do livro: o capítulo do Grande Inquisidor onde é posta em causa a liberdade e o livre-arbítrio como causas fundamentais da infelicidade e da miséria humana. A Deus reencarnado é explicado que a Igreja tem corrigido esse defeito do Criador fazendo as escolhas pelo Homem; o final deste episódio é ambíguo e inconclusivo adensando de alguma forma a angst que domina o seu narrador, o irmão do meio, Ivan Karamázov.

De um modo geral, as personagens não sofrem evoluções drásticas ou alterações profundas do seu carácter como acontece, por exemplo, com a redenção de Raskólnikov em Crime e Castigo; com efeito, é um livro com pouca acção e poucos acontecimentos, quase como uma peça de teatro repleta de longos diálogos. Este traço é particularmente evidente no irmão mais novo, Aliócha (um noviço num mosteiro) que assiste, impávido e inalterado à morte e enxovalhamento do seu tutor e guia espiritual, à crise existencial do seu irmão Ivan e à morte do seu pai de forma brutal e violenta: nada parece fazê-lo questionar as suas crenças mais profundas; será esta a virtude da sua educação religiosa e de amor pelos homens?

É um estudo aprofundado e estarrecedor da psicologia dos personagens. Personagens barulhentas, desprezíveis, contraditórias, fragéis e brutais ao mesmo tempo. Talvez seja essa a maior riqueza deste livro a par dos episódios de índole existencialista ou religiosa.

 

Os Irmãos Karamázov e o seu pai.

Acerca da abundância, da fartura e da ganância

por Tiago, em 10.07.17

Apesar dos preços desgraçados da última Feira do Livro, a remessa de livros que veio comigo para casa foi ainda assim um bocado acima do que estava planeado: culpo o local conveniente onde realizam o certame e falta de coisas melhores para fazer do que andar a ver as estantes todas com um pormenor de irritar a paciência a Cristo.

Cristo que, já agora, é personagem principal (ainda que nunca presente em corpo) da maior tragédia financeira deste ano, um lindo volume do clássico russo Os Irmãos Karamázov. Embora Nosso Senhor não tenha culpa que eu tenha cedido ao pecado da ganância e da luxúria literária, é agora o principal protagonista de um livro que me está a surpreender pela sua densidade absolutamente atroz: está mais perto de ser um livro de filosofia do que um romance moral ao estilo de Crime e Castigo, por exemplo. Em comparação com este último, tem a desvantagem de que todas as personagens são feias, porcas e más de alguma maneira; não há li ninguém verdadeiramente puro e recomendável (Aliocha Karamázov, estou para ver o que vai ser da tua virtude e castidade que me parecem tão supostas!); uma coisa é certa, neste livro ninguém encontra um banana como o Príncipe Myshkin ou um idiota (que trocadilho magnífico) como Raskolnikov que sofre como uma cão pela redenção dos seus pecados.

Um livro que mistura deboche com teologia; amor fraternal e existencialismo. Para si Fyodor, com um abraço deste seu fã que ainda vai a meio do livro:

Acerca da inteligência atroz

por Tiago, em 09.05.17

Que é a minha como é óbvio.

Dentro das várias políticas que regem a minha vida de leitor, destaca-se a grande preferência pelos clássicos mas também duas outras que tendem a andar de mão em mão: 1) diversificar os autores que leio e 2) dar mais que uma oportunidade a todos os autores, excepto quando são maus que dói logo à primeira. Foi este conjuntos de políticas que me deu a conhecer autores como Mario Vargas Llosa (primeiro com o decentezinho "A Cidade e os Cães" e depois com o estupendo "A Festa do Chibo") ou a redescobrir outros como José Saramago (depois da obrigação do "Memorial do Convento" chega a admiração com o livro-semhistória "O Ano da Morte de Ricardo Reis"). 

Na lista de tipos para quem a primeira oportunidade tinha sido desaproveitada, estava José Luís Peixoto com a relativa desilusão que foi ler "Dentro do Segredo" sobre a sua viagem à Coreia do Norte; é capaz de ter sido uma questão circunstancial visto que na altura andava a ler umas macacadas do Kissinger e por isso estava sempre à espera de um livro mais focado nos aspectos geo-políticos e menos na vida quotidiana dos norte-coreanos. Como isso não aconteceu fiquei de pé atrás até ler de uma penada (leia-se uma viagem de comboio e umas horas de sono roubadas a uma noite de semana) "Galveias", uma história composta com vários recortes da vida dos residentes da pequena aldeia alentejana que dá título ao livro.

Naquelas palestras de escrita criativa ouve-se sempre a indicação para escrever sobre o que se conhece (digo eu que nunca fui a nenhuma) e talvez seja esse o segredo para um livro que é provavelmente das melhores coisas que já li de um autor português; por outro lado, talvez sejam as minhas próprias origens que me ajudem a identificar tão facilmente com as histórias e inquietações das personagens do livro. O episódio mais impressivo foi provavelmente o de Raquel, a moça que estuda em Lisboa e entorna a sopa na viagem: as perguntas sobre os fins-de-semana, a experiência recatada da universidade, os episódios com a senhoria e, principalmente, o estar constantemente a meio entre a cidade e a aldeia, sem pouso certo; a mesma dicotomia cidade/campo que me fez gostar de "A Cidade e as Serras" de Eça de Queirós.

Ide e lede.

Acerca de mais clássicos

por Tiago, em 25.04.17

Na lógica de ler os clássicos que acompanha a minha vida de leitor (e porque "os clássicos são sempre actuais" e "se é um clássico alguma razão deve haver" e "sou demasiado preguiçoso para saber quem são os bons autores actuais") andei recentemente de volta de alguns autores que me deixaram enfastiado, deprimido ou pensativo. Enfim ninguém disse que isto da leitura era para meninos.

A depressão começou com Manhã Submersa de Vergílio Ferreira, um livro que me deixou a impressão de ser uma espécie de parente pobre de "Jane Eyre": a história de um miúdo arrancado ao conforto da vida familiar para ser internado num seminário, com todas as más experiências que estão mais ou menos explícitas, sob protecção de uma rica alma caridosa que se tenta salvar aos olhos de Deus. Questiono por vezes o efeito que têm as circunstâncias na leitura mas acho que o dia de chuva e a viagem de comboio em que o li também não ajudaram a que formasse uma opinião muito positiva. Tem a curiosidade de ser um romance levemente autobiográfico mas não me deixou vontade de ler "Aparição".

Não satisfeiro com esta abordagem aos clássicos portugueses, segui depois para A Queda Dum Anjo de Camilo Castelo Branco, um livro satírico com uma história interessante mas pouco original (pelo menos agora que li, talvez fosse original à época de publicação): quantas vezes se pode ouvir a história de um fidalgo corrompido pela ociosidade da vida citadina em contraste com a pureza da vida campestre? Neste caso a originalidade é que mesmo no campo as pessoas são fraquinhas e existe muita pequenez e inveja. Enfim, nesta onda acho que prefiro "A Cidade e as Serras" que é um livro maravilhoso com um estilo mais leve e menos arcaico.

Para terminar a minha digressão pelos clássicos, li O Estrangeiro de Albert Camus que acaba por ligar um pouco com o livro de Vergílio Ferreira pela pano de fundo existencialista transversal às duas obras: a procura de um sentido para a vida e a angústia existencial de vivermos num mundo que não é totalmente apreensível. O livro de Camus foi uma boa surpresa pela qualidade da escrita que não constitui um obstáculo à abordagem de conceitos mais abstractos; por outro lado, o facto da história se desenrolar no clima solarengo da Argélia, por entre praias, mergulhos e árabes, foram também uma agradável mudança de cenário face ao clima invernal do Seminário do Fundão.

Venham mais clássicos que eu cá estarei para aguentar.

Acerca do Optimismo do Sr. Orwell

por Tiago, em 30.03.17

Porque o 1984 é muito giro e muito bonito e porque antevê coisas que se estão a passar na actualidade e tudo e tudo mas!....

Na sociedade orwelliana de 1984 o Estado usava a vigilância para o controle supremo do indivíduo, isto é, a vigilância era uma ferramenta ao serviço de ideias totalitárias e largamente contra a vontade da população.

O optimismo de Orwell reside no facto de não ter previsto que seriam os próprios indíviduos a derrubar todas as barreiras de privacidade e a ceder, de boa vontade e sem questionar, toda a sua informação mais pessoal e íntima a grandes corporações como a Google ou Facebook. E em troca de quê?

Acerca do Carvalho e do Bezerro

por Tiago, em 06.03.17

Na última Feira do Livro de Lisboa comprei um livro de Alexander Soljenítsin chamado O Carvalho e o Bezerro sem sequer me dar ao trabalho de investigar sobre o tema do livro ou de o abrir para ler algumas passagens. Tendo já lido Um Dia na Vida de Ivan Denisovich ou O Pavilhão dos Cancerosos tive de imediato a certeza de que seria algo para o meu gosto. 

Assim, foi grande a surpresa quando percebi que não era um livro de ficção mas sim um livro de memórias fragmentadas sobre a vida literária na União Soviética: a repressão, as manobras difamatórias, as intrigas semi políticas, o escrever às escondidas, no fundo uma vida em sobressalto em que escrever era uma tarefa quase tão difícil como viver num gulag como Soljenitsin também viveu. É a história de alguém que escolheu viver de cabeça erguida e costas direitas, sacrificando para isso a própria vida familiar e recusando sempre o exílio por iniciativa própria até ser expulso em 1974. Curiosamente ou não, a luta de Soljenítsin pela liberdade de expressão está por demais afastada de grandes actos idealísticos, de grandes gestos ou de uma vitimização fácil; é uma luta contra as pequenas e grandes contrariedades e baixezas que se atravessaram no seu caminho, sem desarmar, sem transigir e sempre com um toque mordaz de vaidade e arrogância, perfeitamente inócua e insignificante (mas muito dignificante), contra o imenso poder opressivo da máquina do Estado Soviético. 

Uma das histórias mais transversais em todo o livro é a forma como foi sendo pensado, escrito, escondido e reformulado o livro O Arquipélago Gulag sobre os campos de concentração nos tempos de Estaline e que, de uma forma no mínimo bizarra, não se encontrava em lado nenhum traduzido para português. Por isso é uma notícia espectacular que vá finalmente ser reeditado este ano a propósito do centenário da Revolução de Outubro. Já preparei 20€, andem lá com isso!

Acerca da Jangada (de Madeira ainda)

por Tiago, em 28.01.17

Apesar do meu reencontro recente com os livros de Saramago a propósito de "O Ano da Morte de Ricardo Reis", ainda não me aventurei para os lados de "A Jangada de Pedra" e creio até que o meu próximo livro deste autor será mesmo "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" que está na lista para os tempos mais próximos. No entanto, e para pessoas que vivem com a cabeça sempre a pensar em viagens e com um fascínio pela aplicação prática do conhecimento científico, os livros de Júlio Verne são um tesouro de valor incalculável.

Desta feita, foi "A Jangada" que tem em inglês o menos críptico título "Eight Hundred Leagues on the Amazon" e que conta a história de uma familía que vive numa feitoria perto da fronteira do Brasil com o Peru e que desce o rio até Belém para o casamento da sua filha. Claro que pelo meio existe a revelação do segredo que atormenta a vida, de outra forma feliz, do patriarca da família. Assim, é em Manaus, na confluência do Rio Negro com o Rio Amazonas que se desenrola grande parte da acção.

É maravilhosa a forma como Júlio Verne descreve o modo de vida de diferentes personagens na selva amazónica, o fascínio militante com os avanços científicos que na época eram feitos naquela região e ainda a maneira como consegue meter criptografia ao barulho para salvar a pele do protagonista!

Acerca do Monte dos Vendavais

por Tiago, em 14.01.17

Uma das leituras mais interessantes do ano passado foi, sem dúvida, "Jane Eyre" de Charlotte Brontë. Na altura fiquei impressionado com o retrato profundo e intrincado do desenvolvimento do carácter de uma personagem, com a forma como são retratados os dilemas morais e como isso forma uma história sobre o poder da fidelidade a princípios e ideais. Assim, e tendo em conta a impossibilidade estatística de duas irmãs poderem escrever tão bem, nem quis ouvi falar do "Monte dos Vendavais" ou de Emily Brontë. De qualquer modo, e por 5€ na Feira do Livro, lá comprei este último e coloquei-o debaixo de uma pilha de livros para ler primeiro. Mais de 6 meses depois de o ter comprado, lá acabei por ler, primeiro com alguma desconfiança e por fim deslumbrado com a intensidade e qualidade da história. Depois de alguma leituras falhadas como "The Hitchhiker's Guide to the Galaxy" (Douglas Adams) ou "A Guerra do Fim do Mundo" (Mario Vargas Llosa) foi bom voltar a sentir aquela vontade de acabar um livro e não o largar até conseguir.

A parte mais interessante foi a forma como o carácter de todos os personagens reflectem, de alguma forma, a geografia inóspita, agreste e rugosa das montanhas do norte de Inglaterra. É impressionante como mesmo a criada Nelly Dean, de alguma forma mais maternal e simpática, tem também algumas palavras mais rudes (e merecidas que a senhora era uma santa a aturar aquela gente toda!) dirigidas a vários personagens do livro. Isso recordou-me as palavras da autora no prefácio:

A obra é rústica de fio a pavio. Bravia, áspera e nodosa como a raíz da urze.

O livro é uma história de paixões acesas, personalidades vincadas, vinganças maquiavélicas e comportamentos indecorosos. Assim de cabeça, não me lembro de uma única personagem que não tenha uma nódoa no carácter e talvez seja isso que torna o livro tão interessante porque tudo está perfeitamente fundamentado e nada é gratuito. Uma parte divertida foi ler no final algumas opiniões sobre a obra e perceber que existe uma enorme discussão em torno do carácter do personagem principal Heathcliff, se é ou não um herói romântico que se deixa levar pelas suas paixões sendo que isso tolda a sua boa conduta: na minha opinião, o tipo é intrinsicamente mau, não há ao longo do livro nada que aponte noutro sentido, nenhuma ponta de altruísmo ou compaixão, apenas uma sede diabólica de vingança que contamina todas as outras personagens. Ainda assim é um vilão muito bem escrito, um livro altamente recomendável!

 

Acerca de viagens parvas pela galáxia

por Tiago, em 07.01.17

Por recomendação de vários amigos li finalmente aquele que é supostamente um clássico da ficção científica, a trilogia de 5 livros "The Hitchhiker's Guide to the Galaxy", adaptação escrita de uma comédia radiofónica transmitida pela BBC nos anos 70. Ora neste pormenor reside um dos maiores problemas do livro (livro aqui refere-se aos cinco volumes): não existe uma continuidade lógica na história e nunca deixei de ter a sensação que estava perante a colagem de textos dispersos sem uma ligação decente entre si.

Com este início já se compreende que não foi uma leitura especialmente interessante ou que recomende a alguém. Na verdade é óbvio ao longo de todo o livro que não existia um plano à partida para contar uma história, isto é, foi desenvolvido à medida do sucesso que encontrou junto do público. Este facto torna-se particularmente evidente no desenvolvimento das personagens que basicamente não existe, nunca descolando dos bonecos-tipo que são apresentados no primeiro livro e que, nessa primeira apresentação, até parecem ter algum potencial. Nesse sentido, o primeiro volume até é um livro que classifico de relativamente interessante e que parece montar alguma estrutura para se construir uma saga a partir daí: com efeito não é isso que acontece e os restantes 4 volumes são apenas chatos e entediantes.

Outro problema reside na tentativa por demais evidente de ter graça: se em alguns momentos resulta em alguns episódios cheios de non-sense e bastante divertidos, na maior parte das vezes é apenas um redondo falhanço. Para piorar ainda mais as coisas, o recurso aos mesmo chavões é repetitivo e torna-se realmente aborrecido.

Gosto de ficção científica no sentido em que no fim das viagens mirabolantes, acaba por nos fazer regressar à Terra e pensar no papel que temos no nosso próprio micro-cosmos e no lugar ínfimo da Humanidade no Universo. Não é o que acontece com este livro repleto de engraçadismo (como diria Pacheco Pereira) e non-sense chato, chato, chato.

 

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