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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

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Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca do Optimismo do Sr. Orwell

por Tiago, em 30.03.17

Porque o 1984 é muito giro e muito bonito e porque antevê coisas que se estão a passar na actualidade e tudo e tudo mas!....

Na sociedade orwelliana de 1984 o Estado usava a vigilância para o controle supremo do indivíduo, isto é, a vigilância era uma ferramenta ao serviço de ideias totalitárias e largamente contra a vontade da população.

O optimismo de Orwell reside no facto de não ter previsto que seriam os próprios indíviduos a derrubar todas as barreiras de privacidade e a ceder, de boa vontade e sem questionar, toda a sua informação mais pessoal e íntima a grandes corporações como a Google ou Facebook. E em troca de quê?

13 comentários

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    De Tiago a 22.04.2017 às 12:39

    Raquel,

    Embora concorde com o que dizes sobre a embriaguez de uma liberdade recém-adquirida, não sei se a comparação entre o Woodstock e o Facebook é muito acertada: no caso de Woodstock não existia uma ilusão, esses excessos não foram no sentido de restringir a liberdade das pessoas, bem pelo contrário; no caso que se vê agora, as pessoas estão activamente a auto-mutilar a sua própria privacidade, condicionando a sua liberdade futura.

    Isso é muito mais assustador na minha opinião porque, em última análise, essas corporações não são alvo de qualquer tipo de escrutínio democrático ou obrigadas a regras de transparência.

    (Eu acho que percebi o teu ponto, não sei se me exprimi muito bem também mas enfim, podes sempre perguntar se não perceberes.)

    PS: Viana, continua o encanto de sempre? :)
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    De blue258 a 22.04.2017 às 14:54

    Tiago, nem eu ousaria comparar Woodstock com o Facebook; um é um belíssimo movimento cultural (à falta de algo mais acertado para escrever agora) e o outro é uma rede social que roça o banal.
    O que eu pretendia dizer é que se George Orwell tivesse vislumbrado as redes sociais que hoje imperam no quotidiano, ter-nos-ia brindado com mais uma belíssima obra. No entanto, não podemos pelo excesso de uns e pela auto-mutilação da privacidade de outros (roubando as tuas palavras) definir o todo. Que se faz um uso muito mau das redes sociais, é um facto. Mas nem todos o fazemos. Que os indivíduos são seres iludidos é outro grande facto que parece extrapolar à medida que os séculos avançam...

    Sempre! Não me esqueci da prometida reportagem das bolas de berlim do Natário - acreditas que não tenho ido lá? Prometo por lá passar :)
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    De Tiago a 22.04.2017 às 20:02

    Por acaso é curioso pensar como é que um tipo como ele ia ver esta época de devassa da vida privada quer consentida quer imposta pelo Estado de forma mais ou menos arbitrária, mesmo nas coisas mais pequenas como aquela moda de se pedir facturas de tudo e mais alguma coisa.

    Mas és capaz de ter razão quando dizes que não é o suficiente para definir o todo; as generalizações são tipicamente erradas e injustas. Por acaso não sei se estamos mais iludidos ou não: parece-me é que somos bombardeados com uma quantidade de informação/ruído que simplesmente não é digerível em tempo útil, ao mesmo tempo que a vida é muito mais complexa do que antigamente então também será mais fácil andar iludido agora do que quando o quotidiano consistia apenas em ir trabalhar no campo de sol a sol e ir à missa ao domingo.

    Oh eu parti do princípio que essa reportagem já tinha ido à vida! Mas também deixa estar porque com o Verão a aproximar-se também pode acontecer que faça eu a reportagem, só tenho de me lembrar que às terças feiras não pode ser xD
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    De blue258 a 22.04.2017 às 22:38

    :))
    É curioso porque essa moda de pedir factura por tudo e mais alguma coisa anda a tramar muita gente: é uma belíssima artimanha da máquina do Estado. Quantos contribuintes não gastam mais do que aquilo que declaram? Quantos contribuintes pensam que vão receber qualquer coisa quando se esquecem que nem os descontos para o IRS fazem... Enfim, pobres iludidos.

    Não é o suficiente para definir o todo, Tiago. Não é. Ainda há gente boa, com valores e noção do que é privado. E repara, quando se ouve dizer "ah e tal não é como antigamente", "ah já não há valores", até é em parte verdade. Mas esquecem-se de que "antigamente" a podridão já existia. E mais: they say chivalry is dead. But it isn't.

    Eu continuo a achar que é ilusão. Muitas pessoas partilham no Facebook a ilusão de uma vida que nem é a delas. Porque não pode ser. Ou eu sou muito estranha, ou estarei porventura muito errada. Exemplo: eu adoro fotografia. Adoro registar momentos se bem que prefiro muito mais vivenciá-los. Mas eu não vivo para registar momentos e publicar no Facebook.

    Concordo plenamente que há, de facto, mais ruído. E as pessoas não sabem proteger-se (nem conseguem) porque a todo momento e em qualquer esquina são literalmente bombardeadas.

    Não foi à vida, não. Vou tentar fazê-lo antes do verão: pelo menos duas ou três fotos porque a melhor das reportagens é mesmo in loco, a saborear uma :)
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    De Tiago a 23.04.2017 às 11:50

    O que é mais divertido é que nessa moda de pedir factura em troca da remota possibilidade de ganhar um carro (ou lá como funcionava esse sorteio), o Estado já fica a saber onde é que gastas o teu dinheiro. Como se já não fosse suficiente ficarem com 1/4 dos rendimentos ainda sabem onde gastas os restantes 3/4. Nesse aspecto específico tenho de dar a mão à palmatória e admirar um bocado aquele liberalismo à moda americana em que nem sequer conseguem ter uma espécie de cartão de cidadão porque acham logo que é intrusivo o Estado ter um directório com um registo deste tipo; desse exagero até à complacência europeia em que é tudo aceite sem pestanejar, gostava que existisse um equilíbrio qualquer mas enfim.

    Essa do "antigamente" a mim não me diz nada: as motivações e instintos das pessoas não mudaram e essa saudade do passado está quase sempre relacionada com o facto da memória ser selectiva e apagar as coisas más atribuindo um exagerado destaque às boas recordações. Como é óbvio tanto existem pessoas boas agora como dantes, não acho que isso tenha mudado.

    Embora não tenha grande contacto com o Facebook, parece-me que aquilo funciona muito porque tem algo de viciante; suponho que esteja algo relacionado com a necessidade de procurares validação para as tuas escolhas em gostos e comentários. Não sei se é bem assim porque não entendo nada de psicologia mas é a sensação que me dá com um olhar leigo. E detesto essa lógica em que parece que se não estiver no Facebook não aconteceu: isso é especialmente ridículo em concertos em que o pessoal está para lá a partilhar fotos e vídeos em vez de ouvir a música, faz-me um bocado de confusão.

    Mas é mesmo difícil fugir à informação, nem quando se deixa o telemóvel em casa, há sempre alguém que nos informa xD

    Viana ainda vai dar cabo do meu sistema cardiovascular, para lá dos sidónios do Natário original ainda as bolas de berlim do outro Natário...
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    De blue258 a 23.04.2017 às 12:28

    Hahaha
    O Audi, já quase nem me lembrava disso! Agora mudaram para certificados de aforro (acho eu).

    Mas as pessoas são saudosistas, porque lá está, só se lembram das coisas positivas e nem conseguem, quiçá por causa do tal ruído, focar nas coisas boas e no quanto evoluiu a medicina nos últimos séculos. Nem quero aqui falar da industria farmacêutica porque aí desvendava aquela que eu acho ser mais uma belíssima conspiração dos nossos tempos.

    Validação. Agora disseste tudo. A validação que deves conseguir ao seres a pessoa que és, ao sentires-te realizado em todos os aspectos da tua vida (ou a tentar e a trabalhar para o ser), as pessoas procuram consegui-lo através do número de "likes" e do número de seguidores.

    É sim. Agora vais a um parque qualquer, e desde que haja por lá um café ou um quiosque numa esquina, muito provavelmente encontras um ecrã a projectar ruído.

    :)) Compensas com uma subida (pelo escadório, óbvio) a Santa Luzia!
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    De Tiago a 23.04.2017 às 13:36

    Ahah pois é, agora é certificados de qualquer coisa embora acho que a lógica se mantém.

    Pois é, quando vêm com aquele argumento de que Portugal estava muito melhor antes do 25 de Abril. Basta olhar para as taxas de mortalidade infantil ou algo desse género. Eu não sou nada de teorias da conspiração mas realmente é preciso ser ingénuo para não questionar certas coisas entre as quais a indústria farmacêutica. Podem começar por ler "O Fiel Jardineiro" e depois ver quem são os donos das maiores empresas.

    Sim, validação ou aprovação não sei bem. Acho que é por ser mais fácil confiar no julgamento dos outros do que reger-se por decisões e valores próprios.

    Então em Lisboa é uma praga, parece que não se consegue estar sossegado em lado nenhum, há sempre iniciativas bué sociáveis e inovadoras a acontecer em todas as praças e recantos onde eu só queria que estivessem velhotes a jogar dominó xD

    Parece-me uma boa ideia, nunca subi pelas escadas, eu gosto dessas aventuras!
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    De blue258 a 23.04.2017 às 19:11

    A lógica é a mesma.

    Eu já fui de teorias de conspiração, mas confesso que com a idade me devo ter resignado (hahaha). A verdade é que houve uma altura em que achei que tudo servia para nos controlar (porque serve). Daí ter um carinho tão profundo pelo 1984.
    Recordo-me que um dos piores episódios foi pouco depois de ter sido noticiado o tão aclamado chip nas matrículas. Repara, tu vais ao Algarve, passas em qualquer pórtico (fotografia), abasteces num posto com cartão de crédito (mais outra fotografia), pagas a estadia em determinado hotel e o restaurante mais uma vez com cartão e o Big Brother sabe onde foste, onde dormiste e o que comeste. Só lhe faltava saber com quem foste e até isso facilmente se descobre (à conta das fotografias).
    Nem quero começar a falar da indústria farmacêutica porque de outra forma, ficava aqui até anoitecer.
    Belíssima sugestão de leitura!

    Eu queria deixar aqui um "valha-me nossa senhora que é tão bom não depender da validação dos outros para nada", mas isso seria precipitado da minha parte. Porque queiramos ou não, e vivendo em sociedade, dependemos da validação dos outros. Basta dar o exemplo da forma como te vestes: és obrigado a cumprir um "boneco" dependendo da função que desempenhes. Eu neste ponto até me poderia alargar mais um pouco mas nem quero discorrer aqui sobre as misérias que ouvi recentemente...
    Posso, isso sim, lançar um "oh valha-me nossa senhora que é tão bom não depender da validação das redes sociais para nada" apocalíptico. Se me permites, claro.

    Imagino Lisboa, sendo a capital que é, preenchida pelo ruído: agradeço o facto de Viana ser ainda pequenina e ter menos ruído (porque algum tem sempre).

    Tens de experimentar. E subir ao zimbório em Santa Luzia (desde que não tenhas vertigens). E não sei se conheces o convento de S. Francisco do Monte - vale a pena o passeio!
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    De Tiago a 24.04.2017 às 13:36

    Ahah ser das teorias da conspiração dá muito trabalho porque depois não consegues ver inocência ou boas intenções em lado nenhum então andas sempre a fazer grandes raciocínios para descobrir a maldade do Mundo xD Eu nem acho que tudo sirva para nos controlar mas irritam as coisas que podem vir a ser usadas para isso.

    Pois, basta uma pessoa levantar uns trocos em qualquer lado e sabem logo por onde andas mesmo que andes a pé e não uses mais o multibanco para pagar seja o que for. É muito aborrecido quando se pensa nisso. Pois a indústria farmacêutica é uma mina de coisas boas que é melhor nem começar a desvendar; sim é um bom livro e o filme também não é mau!

    Claro, acho que faz mesmo parte de viver em sociedade e, até certo ponto e com limites, poderá talvez ser um mecanismo de integração que deve ter lados positivos. Oh pa é como aquela ideia estúpida de andar de fato só porque se trabalha aqui ou ali... Mas quem foi o génio que descobriu a relação entre a corte do fato e a produtividade? Eu também não me posso alargar neste tema porque me irrita profundamente xD

    Permito sim senhora, força nisso até posso subscrever!

    Eu gosto muito de Lisboa mas às vezes gostava que não estivesse tanto na moda e não houvessem tantos "eventos com gente gira", só um bocadinho de sossego xD Viana tem um escala muito humano, é fixe. Tenho vertigens mas esse zimbório é na boa, subi lá acima há 2 anos acho eu, bela vista! Esse Convento nunca ouvi falar sequer mas parece ser próxima da Santa Luzia, já fiz uma nota mental para quando lá passar ir espreitar :)
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    De blue258 a 24.04.2017 às 14:28

    Tiago, mas há, de facto, muita maldade neste mundo.
    Não se pode pensar nisso senão de cada vez que se usasse o cartão de crédito estaríamos a olhar por cima do ombro (mesmo que involuntariamente) com aquela sensação de "big brother is watching you".
    O livro é bom, e ontem acabei por rever o filme. Tua culpa :)
    Mesmo. Ou porque blazer dá aquela ideia de formalidade (eu sei o que isso é).

    É perto, o ideal é ir pela Meadela; quando lá fui pensei que me ia perder e falhar o sítio mas é simples de encontrar. Depois passo-te a localização e indicações. É giro e vale a pena.
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    De Tiago a 24.04.2017 às 21:31

    Pois é isso mesmo, para não dar em maluco mais vale achar que a maior parte das coisas são só coincidência ou feitas sem a intenção explícita de controlo. É ingénuo mas faz muito melhor à saúde.

    Eu não tenho culpa nenhuma, tu é que tomas as tuas decisões independentes. Ou não e eu só te manipulei para veres o filme de novo. Fica a dúvida xD

    Eu também sei mas até hoje nunca me apanharam de fato e tenho algum orgulho nisso (o que é provavelmente um bocado infantil mas deve um bocado síndrome Peter Pan) xD

    Pelas fotos parece um lugar meio abandonado no meio da Serra (até me fez lembrar os Capuchos na Serra de Sintra), deve ser um passeio bem engraçado!

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    De blue258 a 24.04.2017 às 22:39

    E temos de ser ingénuos q.b. Então a síndrome de Peter Pan não ajuda? ;)

    Fui manipulada! :)) (Não encontrei a minha cópia do livro e restou-me rever o filme).

    Ai não que não apanharam: até o que escreves aqui está a ser registado até este exacto momento! hahaha

    E é. Um lugar completamente ao abandono no meio da serra. O que é uma pena. Mesmo assim vale a pena visitar.


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