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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

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Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca de mais clássicos

por Tiago, em 25.04.17

Na lógica de ler os clássicos que acompanha a minha vida de leitor (e porque "os clássicos são sempre actuais" e "se é um clássico alguma razão deve haver" e "sou demasiado preguiçoso para saber quem são os bons autores actuais") andei recentemente de volta de alguns autores que me deixaram enfastiado, deprimido ou pensativo. Enfim ninguém disse que isto da leitura era para meninos.

A depressão começou com Manhã Submersa de Vergílio Ferreira, um livro que me deixou a impressão de ser uma espécie de parente pobre de "Jane Eyre": a história de um miúdo arrancado ao conforto da vida familiar para ser internado num seminário, com todas as más experiências que estão mais ou menos explícitas, sob protecção de uma rica alma caridosa que se tenta salvar aos olhos de Deus. Questiono por vezes o efeito que têm as circunstâncias na leitura mas acho que o dia de chuva e a viagem de comboio em que o li também não ajudaram a que formasse uma opinião muito positiva. Tem a curiosidade de ser um romance levemente autobiográfico mas não me deixou vontade de ler "Aparição".

Não satisfeiro com esta abordagem aos clássicos portugueses, segui depois para A Queda Dum Anjo de Camilo Castelo Branco, um livro satírico com uma história interessante mas pouco original (pelo menos agora que li, talvez fosse original à época de publicação): quantas vezes se pode ouvir a história de um fidalgo corrompido pela ociosidade da vida citadina em contraste com a pureza da vida campestre? Neste caso a originalidade é que mesmo no campo as pessoas são fraquinhas e existe muita pequenez e inveja. Enfim, nesta onda acho que prefiro "A Cidade e as Serras" que é um livro maravilhoso com um estilo mais leve e menos arcaico.

Para terminar a minha digressão pelos clássicos, li O Estrangeiro de Albert Camus que acaba por ligar um pouco com o livro de Vergílio Ferreira pela pano de fundo existencialista transversal às duas obras: a procura de um sentido para a vida e a angústia existencial de vivermos num mundo que não é totalmente apreensível. O livro de Camus foi uma boa surpresa pela qualidade da escrita que não constitui um obstáculo à abordagem de conceitos mais abstractos; por outro lado, o facto da história se desenrolar no clima solarengo da Argélia, por entre praias, mergulhos e árabes, foram também uma agradável mudança de cenário face ao clima invernal do Seminário do Fundão.

Venham mais clássicos que eu cá estarei para aguentar.

3 comentários

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    De Tiago a 25.04.2017 às 22:04

    Pois Sara eu percebo e claro que são actuais até porque os humanos não mudaram mas....não sei, deixa-me muito enfastiado aquele estilo.

    Não conheço, só li de relance um resumo da história e parece-me interessante. Agora depois de ler "Os Capitães da Areia" quero ver se arranjo alguma coisa de história ou política para desenjoar um bocado :)
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    De Sara a 25.04.2017 às 22:34

    Sim, também achei o estilo um bocado difícil...Prefiro o Eça. Estou a gostar bastante do Norte e Sul - fala da industrialização [é de 1885] e de questões de classe e género [e tb é fofo *-*]. Os capitães é um livro político, e humano também claro...e é um grande livro. Primeiro Jorge Amado?
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