Acerca das viagens de Twain: Mitos caídos III (As gôndolas de Veneza)
Em mais um capítulo da série que pode ser definida como "Coisas que fizeram Mark Twain ficar sobejamente desiludido com o Velho Mundo", é impossível deixar de mencionar Veneza. Além de notar que perdera a glória de outrora, sendo agora uma cidade miserável e abandonada, esquecida do mundo, o maior balde de água fria foram mesmo a famosas gôndolas.
Esta era a famosa gôndola e este o deslumbrante gondoleiro: a primeira, uma velha canoa mal pintada, ferrugenta, com um forro de esquife amarrado a meia-nau, e o segundo um vagabundo andrajoso e descalço a mostrar uma parte da roupa interior que se deveria defender do escrutínio público a qualquer custo.
No entanto e como escritor de grande sensibilidade e benevolência, Mark Twain não deixa de ver as coisas por um prisma mais optimista e positivo.
Não se vê terra seca em lado nenhum, nem passeios dignos de menção; se quisermos ir à igreja, ao teatro, ou a um restaurante, temos de chamar uma gôndola. Deve ser o paraíso dos inválidos, já que realmente as pernas não nos servem de nada aqui.