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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

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Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca do Funeral e Ressurreição de Ricardo Reis

por Tiago, em 17.07.16

Como muitos dos jovenzinhos a quem foi imposto o "Memorial do Convento" no secundário, também eu fiquei horrorizado com o estilo (aparentemente) pesado e denso de José Saramago. Na realidade até achei a história uma das melhores coisas que já li, não só pelo enredo mas essencialmente pela profundidade e caracterização das personagens. Ainda assim, e pessoa inteligente que sou, tenho mantido nos últimos anos uma saudável distância de segurança entre mim e a obra do único Nobel da Literatura português.

Recentemente achei que estava a ser um bocado totó e decidi dar uma segunda oportunidade a Saramago. Era uma ideia que já me andava a corroer as entranhas e que ficou solidificada quando uma querida amiga me apelidou carinhosamente de besta inculta por dizer que não tinha gostado muito do estilo no "Memorial do Convento". Assim e também por pressão de um colega de casa, acabei por adquirir, nesse grandioso evento que é a Feira do Livro, o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "O Ano da Morte de Ricardo Reis".

Comecei por este último e bastaram 50 páginas para perceber que afinal eu era apenas um jovenzinho imaturo que nunca deveria ter lido o "Memorial do Convento" naquela altura do secundário; simplesmente não tinha capacidade para perceber e compreender a magia de um estilo de escrita tão próximo da oralidade mas com uma carga tão grande de referências políticas, sociais e literárias. Os devaneios do protagonista por zonas onde me desloco diariamente como o Cais do Sodré, Santa Catarina ou os Prazeres também contribuíram para ter gostado tanto do livro, mais até do que os diálogos com o fantasma do Pessoa ou a caracterização social do Portugal de Salazar.

Numa altura em que tanta gente faz actos de contrição quanto à selecção e ao seu estólido capitão, eu por mim mantenho todas as críticas e desdém quanto aqueles ursos; no entanto, quanto a Saramago devo confessar que não se tornou o meu escritor preferido mas vou ler mais livros de certeza porque há ali qualquer coisa de especial.

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Acerca do entrelaçamento quântico segundo os Pink Floyd

por Tiago, em 09.07.16

Há muitos anos lia um artigo na super interessante revista "Super Interessante" em que falavam para lá de teletransporte e de como o entrelaçamento quântico entre partículas era um passo nesse sentido. Anos corridos e ainda tenho de ir a correr para o metro senão não há produção que leve este país para a frente. Enfim já sabemos que isto da Ciência é só bugiganguice para enganar o incauto do proletário na sua busca incessante de optimizar o seu processo produtivo.

Serve esta introdução, como me parece evidente, para chegarmos aos fabulosos Pink Floyd. A propósito do regresso do David Gilmour a Pompeia, lembrei-me de como o filme Live at Pompeii (1973) capta os Pink Floyd num ponto de rebuçado que geralmente é ofuscado pelas alturas insanas de Dark Side of The Moon (1973) ou The Wall (1979). Na verdade o concerto de Pompeia é um conjunto tremendamente sólido de músicas da fase mais psicadélica e experimental da banda antes de chegaram a terrenos mais progressivos e conceptuais. Quanto ao entrelaçamento, esse está lá e tem o expoente máximo em Careful With That Axe Eugene, uma música absolutamente hipnótica, num crescendo imparável até à erupção e acalmia, traçando um paralelo assombroso com a história de Pompeia. Um momento absolutamente mediterrânico (é impossível não imaginar a Acrópole e a Esfinge) dos moços londrinos. É essa ligação trascendental entre a música, a história, o local e a estranheza de tocar para um anfiteatro vazio que faz a magia deste concerto.

 

Down, down. Down, down. The star is screaming.
Beneath the lies. Lie, lie. Tschay, tschay, tschay.
Careful, careful, careful with that axe, Eugene.
The stars are screaming loud.

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