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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

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Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca de bonitos bocados de alcatrão

por Tiago, em 14.05.16

Há algum tempo falei aqui da estrada Nacional 202 que é bem bonita sim senhor. No entanto, há espaço no meu coração para mais alcatrão. Neste caso em particular, alcatrão que é minhoto como o da já aqui homenageada Nacional 202. Se calhar devia fazer um blog só sobre rede viária, imagino o furor nas redes sociais!

Durante uma eternidade, na era pré-auto-estrada (coisas com dois hífens caraças!) a N13 entre Porto e Valença foi a principal ligação entre o Norte do país e a Galiza. Isto significa que se trata de uma estrada com muito trânsito provando que não só as estradas perdidas no meio dos montes podem deixar belas recordações na memória de viajantes.

Começar no Porto aqui não interessa para nada, o interesse disto é mesmo de Viana do Castelo para cima: passar o rio Lima pela Ponte Eiffel com a Santa lá no topo do Monte de Santa Luzia é logo um abre olhos para quem vem distraído e entediado com a viagem.

 A Ponte Eiffel, a Santa Luzia, Viana do Castelo e a Foz do Lima.

 

Dali para a frente, saindo de Viana até ao fim de Portugal, seguir sempre pela beira mar é uma experiência estranhamente calma, especialmente no trânsito tumultuoso de Agosto. Será o efeito calmante da Senhora da Agonia ou simplesmente o facto de estar de férias? É capaz de ser a última hipótese embora lhe falte a veia poética que me caracteriza.

Ultrapassada a pitoresca estância veraneante de Âncora, o fim de Portugal anuncia-se com o primeiro vislumbre do Monte de Santa Tecla e do Forte da Ínsua ali na Foz do Minho. Para pessoal com muita, muita vontade, podeis fazer-vos ao mar ali por Moledo. É provável que saíam de lá roxos e com os ossos a ranger, mas enfim, são opções. Eu por mim preferia fazer um piquenique ali pelo Pinhal do Camarido e deixar o banho para um local com esquentador.

De banho tomado ou de barriga cheia chegamos a Caminha e o Oceano Atlântico é substituído do lado esquerdo pelo rio Minho. Cuidado não se distraíam, a estrada é mesmo em cima do rio ao ponto de não ser difícil ir lá parar. Da Foz do Minho passamos pela Foz do Coura e seguimos até Vila Nova de Cerveira, provavelmente uma das vilas mais encantadoras de Portugal. Os mais românticos podem ir visitar a Ilha dos Amores; eu prefiro vê-la do cima do monte. Suponho que seja apenas uma questão de perspectiva.

O rio Minho, a Foz do Coura, Caminha e a marginal N13.

 

Chegamos por fim a Valença. Valença do Minho parece-me algo redundante visto que estamos no Minho e estamos em Valença; aposto que foi algum gajo de Lisboa da Estremadura a pôr este nome à terra. Uma vila fortificada, com canhões a apontar para Espanha: o sonho de qualquer nacionalista encartado que ainda sonhe com a anexação de Olivença. 

Pessoalmente é o posto fronteiriço que maior impressão me causa. Nascido na União Europeia, parece-me um conceito um bocado marado pôr polícias numa ponte que une pessoas que são basicamente iguais. É que não há mesmo diferenças entre Portugal e a Galiza.

Eram bem divertidas as burocracias de outros tempos.

 Vista da Fortaleza de Valença para o Posto Fronteiriço, a Ponte Internacional e Tui.

Acerca da Trágica e Gloriosa História de Gimme Shelter

por Tiago, em 07.05.16

Um aspecto que pesa cada vez na minha apreciação dos filmes que vejo é a banda sonora. É um vício do qual me apercebi à medida que me embrenhei na obra de Quentin Tarantino e imergi naquele emaranhado de músicas série D, há muito esquecidas mas com um papel memorável em algumas cenas. Como esquecer "Down In Mexico" em Death Race ou "Don't Let Me Be Misunderstood" no Kill Bill?

Uma música à qual associo cinema é sem dúvida "Gimme Shelter" dos Rolling Stones, em especial os filmes de polícias e bandidos de Martin Scorcese: CasinoGodfellas e o meu favorito The Departed. Apesar de ser uma das minhas músicas preferidas, apenas descobri recentemente a trágica histórica da sua gravação. 

Reza a história que os Stones estavam por Los Angeles em 1969, uma época particularmente violenta e rica em tumultos sociais, e precisavam de uma voz feminina para gravar o refrão de Gimme Shelter: Rape, murder/It’s just a shot away!

There are some guys in town from England. And they need someone to come and sing a duet with them, but I can’t get anybody to do it. Could you come?

Apesar da hora tardia e do estado avançado de gravidez, Merry Clayton lá foi até ao estúdio e gravou uma impressionante performance vocal que fica para a história.

Despite giving what would become the most famous performance of her career, it turned out to be a tragic night for Clayton. Shortly after leaving the studio, she lost her baby in a miscarriage. It has generally been assumed that the stress from the emotional intensity of her performance and the lateness of the hour caused the miscarriage.

A história completa pode ler lida aqui.

 

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