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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca de Suaves Músicas e Violência Brutal

por Tiago, em 26.04.16

Um dos filmes mais interessantes que vi nos últimos tempos foi "A Most Violent Year" sobre a onda de criminalidade que varreu a cidade de New York nos anos 80. O filme não é brilhante e vale sobretudo pelos papéis desempenhados por Oscar Isaac e Jessica Chastain. A sequência de abertura mostra o protagonista, um empresário ambicioso interpretado por Isaac, a correr pelos perigosos subúrbios sobre um pano de fundo musical que desconhecia, "Inner City Blues" uma canção de 1971, interpretada por Marvin Gaye. Chamou-me a atenção a música e, mais tarde, tomei alguma atenção à letra:

Crime is increasing
Trigger happy policing
Panic is spreading
God know where we're heading

Talvez em Portugal não se tenha chegado a este nível mas fez-me pensar um pouco no papel da polícia na sociedade e em confrontos como os que ocorreram em Jacksonville, por causa de tensões raciais, ou no Brasil, em resposta à crise política desencadeada pela operação Lavajato. 

Acerca de promessas falhadas

por Tiago, em 19.04.16

Ninguém gosta de histórias perfeitas.

Comecei a seguir o ciclismo de estrada mais a sério em 2009, num Verão em que o tédio era palavra de ordem e não tinha mesmo nada para fazer. Para os verdadeiros conhecedores, a grande história era o regresso de Lance Armstrong e a rivalidade com o melhor ciclista do momento e companheiro de equipa, o espanhol Alberto Contador. Para mim o momento inesquecível é o segundo final em montanha da corrida, onde apenas um jovem luxemburguês chamado Andy Schleck tem a ousadia de perseguir Contador quando este ataca de forma avassaladora.

Ao longo dos anos, a minha preferência foi sempre para Contador pela sua atitude de matar ou morrer que leva sempre para as corridas, sempre ao ataque, sempre em busca de mais vitórias, sem desistir e a tentar deixar recordações vívidas na memória dos fãs. Mas isso era assunto para um outro post. Neste queria mesmo tentar explicar o porquê de trazer aqui o mais novo dos irmãos Schleck. É quase comum a história de um super talento que por uma razão ou outra se perde e não concretiza todo o seu potencial: acontece com actores, músicos, futebolistas, etc.

Tornou-se profissional em 2005 e participou pela primeira vez numa corrida de três semanas em 2007, com um brilhante 2º lugar na Volta a Itália. Não há nada de comum num miúdo de 22 anos obter um lugar destes na mais dura corrida do mundo, até porque as provas de três semanas são bastantes mais adequadas a corredores experientes e batidos. Mas Andy Schleck não foi um ciclista comum: a sua primeira vitória profissional só chegaria em 2009 num dos monumentos do ciclismo, uma das cinco corridas de um dia mais importantes do ano, a Doyenne Liége-Bastogne-Liége, 260km pelas colinas das Ardenas, conquistada com um brilhante ataque a 20km da meta. Ainda neste ano chega pela primeira vez ao pódio no Tour com um segundo lugar atrás do mais brilhante Contador de sempre. Por diferentes razões, Schleck volta a ficar em segundo na Volta a França de 2010 e 2011.

Apesar do talento óbvio e dos resultados obtidos nestes três anos, ficou sempre a ideia de que Andy Schleck não estava a cumprir o seu potencial: sucessivos erros tácticos, faltas de profissionalismo em grandes corridas (expulso da Volta a Espanha de 2010 por estar a beber num bar antes de uma etapa importante) e uma obsessão pelo Tour que o impediram de conquistar outras corridas prestigiadas, sempre colocaram Andy Schleck num lugar estranho para os fãs de ciclismo.

2012 marca o início do fim da carreira com quedas sucessivas que o atiram para fora da sua Volta a França. Em 2013 ainda alcança um honroso 20º lugar no Tour mas a cabeça de Andy está claramente noutro sítio e já não se vê a motivação e alegria no pedalar de outros anos; talvez seja este o resultado que atesta melhor o brutal talento de um ciclista que no meio de todos os problemas chega a um lugar destes numa das mais duras provas do calendário. O fim chega no Tour de 2014 onde uma queda à 3ª etapa lhe destrói o joelho e termina de vez com todas as esperanças de o voltar a ver ao melhor nível.

Para mim como fã ficam as memórias de um trepador puro como nenhum outro, com um equilíbrio perfeito entre potência e cadência na pedalada; os franceses têm a melhor palavra de sempre para definir a facilidade aparente de um ciclista em vencer obstáculos na alta montanha: souplesse.

 Andy Schleck ao ataque nos Alpes, a caminho da sua mais brilhante vitória de sempre no Tour em 2011.

Acerca de Jane Eyre

por Tiago, em 12.04.16

Depois de "Orgulho e Preconceito" ficou-me a pulga atrás da orelha para ler "Jane Eyre", mais um clássico da literatura britânica. No entanto, e como não gosto de levar as coisas muito a eito, decidi fazer um ligeiríssimo interlúdio com um Prémio Nobel que ainda não conhecia, Yasunari Kawabata. Daqui há pouco a dizer, "Terra de Neve" não me deixou grande impressão: apesar de reconhecer a qualidade da escrita, tive dificuldade em perceber a relevância da história ou sequer identificar-me com as personagens.
Assim e voltando a Miss Eyre, isto começou muito mal com uma série de enganos da minha parte. As cenas em casa da tia e depois a adolescência no orfanato fizeram-me temer o pior: mais uma história trágica de uma criancinha com fome, uma espécie de Oliver Twist de saias, que não tem pais e vê a melhor amiga falecer. Depois, vi o trailer do filme de 2011 com o Michael Fassbender e a Mia Wasikowska, e temi que fosse uma história de assombramentos com fantasmas e material desse tipo. Depois disto, deixei de ser parvo e li o livro.

Foi uma leitura surpreendentemente rápida essencialmente porque a Jane é uma personagem forte de quem dá gosto acompanhar a evolução e a forma como cresce por entre as peripécias da vida. Além disso, a escrita tem um delicado equilíbrio entre acessível mas sem ser demasiado simplista e que prima pela forma como retrata os dilemas morais das personagens. Em comparação com "Orgulho e Preconceito", parece-me uma história (muito) mais madura, o que também se reflecte na escrita mais intrincada da Charlotte Bronte.
Mais do que uma história feminista como geralmente é anunciado, "Jane Eyre" é um livro sobre o facto de cada pessoa valer por si própria e não pelo valor que as outras pessoas lhe possam dar. É um elogio da abnegação aos princípios e de como essa é a única via para uma conduta moralmente irrepreensível e para vivermos em paz connosco próprios. 

Eu apreciei.

Acerca da importância pegar num livro

por Tiago, em 04.04.16

Churchill cared little for obtuse political or social theories; he was a man of action: state the problem, find a solution, and solve the problem. For a man of action, however, he was exceptionally thoughtful and well read. When serving as a young subaltern in India, he amassed a private library that included Aristotle’s Ethics and Politics, Plato’s Republic, Schopenhauer on pessimism, Malthus on population, and Darwin’s Origin of Species. Reading, for Churchill, was a form of action. After a lifetime of reading—from the sea-adventuring Hornblower novels to the complete Shakespeare and Macaulay—he possessed the acumen to reduce complex intellectual systems and constructs and theories to their most basic essences.

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