Acerca da insularidade britânica
Numa altura em que se tem debatido bastante o Brexit, o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia e as cedências negociais que David Cameron tenta usar para defender o "Sim", parece existir um pouco a ideia de que uma UE sem UK seria algo vazio de sentido. Embora fosse sem dúvida um enfraquecimento enorme dessa coisa anacrónica, amorfa e idefinida que dá pelo nome de política externa europeia, importa ainda assim lembrar que historicamente o eurocepticismo é um pilar essencial da política externa britânica para quem os EUA sempre foram o seu natural e mais importante aliado. Com efeito, a única preocupação britânica sempre foi impedir uma posição estratégica hegmónica de qualquer uma das potências continentais, França ou Alemanha, e sempre foi esse o critério para avaliar a necessidade de intervenções militares.
No pós-Guerra, foi Churchill quem cunhou o termo Estados Unidos da Europa e envidou esforços para promover uma Europa unida que, na sua percepção, era o contrapeso mais importante para deter a ameaça comunista da União Soviética. Apesar disso a sua posição sobre a Europa nunca foi entusiástica, como o próprio admitiria:
Much later, in the House, he needed only eight words to state his position on continental Europeans and their drift toward unity: “We are with them, but not of them.
Um pouco como aquela frase que se atribui muito à esquerda intelectual sobre o povo: sempre ao lado do povo mas nunca no meio dele.