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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca da perenidade de uma tradição

por Tiago, em 22.06.15

Como minhoto que sou, toda a tradição tauromáquica me passa muito ao lado mas não posso deixar de achar imensa graça ao facto de, durante as largadas, espalharem areia nas ruas para...não estragar os cascos aos bichos. Espetar bandarilhas no cachaço tudo bem, agora partir-lhes as unhas é que não. Enfim, suponho que seja essa sensibilidade com o bem estar dos bicos que atrai aficionados por todo o país.

No entanto, atrai-me muito a coragem dos bravos toureiros de rua a quem a cautela, e nunca o medo, leva a fugir desenfreadamente. Como diria um dos mais intrépidos com quem travei conhecimento: como é que vês os meus olhos se quando olhas para mim só vês os teus? É fácil, são lentes espelhadas.

Para terminar num nível elevado um post que de outra forma acabaria na mais profunda estupidez, fica a razão do fascínio de Hemingway pelas faienas:

"The only place where you could see life and death, i. e., violent death now that the wars were over, was in the bull ring and I wanted very much to go to Spain where I could study it. I was trying to learn to write, commencing with the simplest things, and one of the simplest things of all and the most fundamental is violent death."

Hemingway a perguntar pelo preço do capote e das bandarilhas.

Acerca da pertinência da falta de delicadeza

por Tiago, em 15.06.15

Mais do que a musica certinha e irritantemente bonita do recente Louder Than Words, a essência dos Pink Floyd é mais ter a música como o pano de fundo para uma mensagem (mais política ou mais poética consoante a ponta do espectro dos anos 70 em que se pegar) e nunca como um fim em si mesmo. Foi aliás neste equilíbrio precário que os britânicos construíram as suas obras primas mais consensuais como Dark Side Of The Moon ou Wish You Were Here; e foi quando este equilíbrio desapareceu em favor da preponderância da letra que se zangaram as comadres e se separou a dupla Gilmour/Waters.

Foi desta última fase dos Pink Floyd (antes da ressurreição de A Momentary Lapse Of Reason) que saiu um álbum monumentalmente esquecido pelo meio das obras de maior sucesso, The Final Cut. Um álbum conceptual anti-guerra (numa altura em que se lutava a Guerra das Malvinas) onde Roger Waters acaba por exorcizar todos os demónios remascentes desde a morte do seu pai na 2ª Grande Guerra. Uma das músicas mais atípicas é mesmo Not Now John, a única do disco cantada por David Gilmour. 

É um trabalho que vale a pena conhecer, rock clássico tocado de forma suprema e com elegantes passagens de orquestra sendo uma continuação natural do famoso The Wall, constituindo-se no entanto como um álbum independente e que se mantém por si próprio com canções inesquecíveis como Gunner's Dream ou Two Suns In The Sunset.

 

Acerca de magia de índole cartográfica

por Tiago, em 10.06.15

Ao ler "As Aventuras de Três Ingleses e Três Russos" de Júlio Verne, chego à conclusão que os meus objectos preferidos desde puto são mapas, de tudo e mais alguma coisa: globos terrestres, mapas das estradas, cartas militares,...tudo! É fascinante olhar para uma remessa de lugares estranhos e perceber, por exemplo, que Nome é o nome de uma cidade no Alasca ou que a ilha do Elefante não passa de um rochedo gelado nos mares do Sul.

A ideia de representar o Mundo numa folha de papel é megalómana, inspirada e eminentemente genial. Na novela de Júlio Verne, a equipa anglo-russa viaja pelas florestas da África do Sul com o objectivo de medir o meridiano terrestre e ter assim uma referência indestrutível para a definição do sistema métrico. É um livro algo improvável onde os heróis são astrónomos, cartógrafos e matemáticos com um saudável gosto pela aventura, tão típico nas histórias de Verne.

Voltando ao tema inicial, existe uma magia qualquer em olhar para um mapa, planear um passeio, chegar ao sítio, sobrepor as nossas ideias pré-concebidas à realidade e perceber que esta estrada não era bem aquela que queria, que aquela lomba é uma subida do caraças que nunca mais acaba, etc. Tão bom como o passeio em si, é a possibilidade de o planear com um mapa aberto em frente e sonhar com tudo aquilo que nos espera.

Ah e larguem a porcaria do GPS, os mapas em papel são muito mais divertidos até pelos sítios improváveis que já conheci à pala dos ligeiros erros de navegação que vão surgindo.

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