Acerca do culturismo
Ao ler I Married A Communist (sim, em inglês. Não porque seja pretensioso ou arrogante mas porque de facto li em inglês - noto agora que esta ressalva dá um ar mais snob a tudo isto....fixe!) é impossível não reparar numa certa tendência de ser polticamente incorrecto, o que é especialmente refrescante numa altura em que todas as opiniões são relativamente uniformizadas e, diariamente, são feitos apelos ao consenso, indo contra aquilo que é no fundo a política. Na verdade, a simples 2ª Lei da Termodinâmica explica que é na morte que tudo tende para a uniformidade; mas pronto, a incultura (a partir do momento em que inverdade é um termo com espessura política sinto-me livre para os neologismos) dos agentes políticos na área da Física não os deixa perceber estas coisas.
No entanto, não é isso que interessa ao caso. Foi apenas um prolegómeno com o objectivo de demonstrar que também eu tenho uma capacidade crítica sobre a sociedade, denotando um espírito lúcido e sagaz na incessante luta pela Verdade e pelo Conhecimento de que é feita a minha vida. Ah e que consigo articular isso com conceitos físicos que não compreendo.
Enfim, o que me pareceu realmente interessante foi o facto de Roth colocar em oposição dois conceitos: a política como "the great generalizer" em oposição à literatura como "the great particularizer"; a tarefa do Escritor é realçar as nuances e procurar nas contradições a essência do ser humano. O caos é uma necessidade do Escritor; caso contrário está apenas a produzir propaganda. No entanto, a natureza intrínseca do particular é falhar em conformar, em uniformizar.
Será por isso que os regimes totalitários não toleram a liberdade literária e preferem a propaganda?
"Generalizing suffering: there is Communism. Particularizing suffering: there is literature."