Acerca do estereótipo judeu
O Complexo Portnoy de Philip Roth ressalta uma visão cómica dos judeus americanos, muito ligada ao manter das aparências, actividade que tendemos a associar aos subúrbios americanos. Subúrbios definidos como zona da classe média, onde a opinião dos vizinhos, com quem não nos relacionamos, se sobrepõe a qualquer sacrifício que tenha por isso que ser imposto ao resto da família. É neste ambiente que cresce Alexander Portnoy, filho de uma família judia de classe média, sedenta de manter as tradições ancestrais mas, inevitavelmente, sempre em choque com o estilo de vida americano. Portnoy associa todos os constrangimentos e pressões da infância (em especial os associados à relação materna) à pessoa em que se tornou.
Com um estilo ordinário (no melhor dos sentidos, até porque não existe outro) e um tremendo ritmo de comédia, Roth escreve a confissão feita por Portnoy ao seu psicólogo onde descreve em detalhe um conjunto assustador, verosímil, autêntico e comum de comportamentos, perversões e atitudes no relacionamento com o sexo oposto e consigo mesmo.
No cinema, A Serious Men dos irmãos Coen, traça também este retrato do judeu americano inseguro, apagado e com problemas de auto-estima que vive permanentemente no limbo entre a sua própria fé e o choque cultural. Seja verdade, caricatura ou mito, é realmente um tema com elevado potencial humorístico; fico à espera da versão cinematográfica d’ O Complexo Portnoy e sugiro Philip Seymour Hoffman para o papel principal.