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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca do estereótipo judeu

por Tiago, em 29.04.13

O Complexo Portnoy de Philip Roth ressalta uma visão cómica dos judeus americanos, muito ligada ao manter das aparências, actividade que tendemos a associar aos subúrbios americanos. Subúrbios definidos como zona da classe média, onde a opinião dos vizinhos, com quem não nos relacionamos, se sobrepõe a qualquer sacrifício que tenha por isso que ser imposto ao resto da família. É neste ambiente que cresce Alexander Portnoy, filho de uma família judia de classe média, sedenta de manter as tradições ancestrais mas, inevitavelmente, sempre em choque com o estilo de vida americano. Portnoy associa todos os constrangimentos e pressões da infância (em especial os associados à relação materna) à pessoa em que se tornou.

Com um estilo ordinário (no melhor dos sentidos, até porque não existe outro) e um tremendo ritmo de comédia, Roth escreve a confissão feita por Portnoy ao seu psicólogo onde descreve em detalhe um conjunto assustador, verosímil, autêntico e comum de comportamentos, perversões e atitudes no relacionamento com o sexo oposto e consigo mesmo.

No cinema, A Serious Men dos irmãos Coen, traça também este retrato do judeu americano inseguro, apagado e com problemas de auto-estima que vive permanentemente no limbo entre a sua própria fé e o choque cultural. Seja verdade, caricatura ou mito, é realmente um tema com elevado potencial humorístico; fico à espera da versão cinematográfica d’ O Complexo Portnoy e sugiro Philip Seymour Hoffman para o papel principal.

 

Acerca das virtudes de ouvir Renascença

por Tiago, em 23.04.13

Não sei a que propósito foi a conversa. Nem sequer tenho a certeza de ter sido na Renascença. Mas ouvi uma tese na rádio, que realmente me deixou a pensar: o início de In My Place dos Coldplay é quase igual ao de When The Leeve Breaks dos Led Zeppelin! Afastado o choque inicial, tenho a dizer que, embora sejam duas músicas que me agradam, de duas das minhas bandas preferidas, prefiro da entrada dos Led Zeppelin: sem ofensa para o baterista dos Coldplay, cujo nome desconheço, mas porrada na bateria era um prato (grande trocadilho) que John Bonham servia como mais ninguém. E nem sequer sei o que é um bom baterista, mas Bonzo é o único que transmite esse feeling.

Acerca de debates na cozinha

por Tiago, em 16.04.13

Numa altura em que a tensão na Coreia do Norte atinge mínimos históricos, cumpre o meu papel de bom cidadão dar uma sugestão para a resolução do conflito. A exemplo do que fizeram Khrushchev e Nixon em 1959, sugiro que o Quim da Coreia do Norte e o seu homólogo do Sul se reúnam em torno de uma pia de cozinha, delineando aí as cláusulas, compromissos e cedências para que se estabeleça uma paz mundial duradoura.

Para mais informação acerca do debate original:

http://eraumaveznaamerica.blogs.sapo.pt/322276.html

 

Acerca da separação de gémeos siameses

por Tiago, em 16.04.13

Talvez tenha sido a óbvia homenagem às bandas sonoras dos westerns spaghetti ou apenas a participação de nomes como Jack White e Norah Jones, mas a verdade é que o álbum “Rome” de Danger Mouse e Daniele Luppi rodou bastante no iPod durante 2011/2012.

No entanto, apenas ao fim de milhentas audições me ocorreu o seguinte pensamento: serão Gambling Priest e o álbum “Lusitânia Playboys” dos Dead Combo gémeos separados à nascença?

 

Acerca da cautela na abordagem

por Tiago, em 12.04.13

Talvez seja a vastidão da obra que me assusta mas a verdade é que nunca abordei de frente, e como um homenzinho vá, a discografia de David Bowie, o que faz de mim um ignorante na matéria. Tal como no futebol, quando se tem medo para fazer uma abordagem pelo centro, é recomendável uma abordagem pelas alas. Neste caso particular, significa conhecer Bowie através das suas inúmeras colaborações e participações especiais.

Em primeiro lugar, foi Under Pressure uma das primeiras músicas que me chamou a atenção para os Queen. Depois, quando achei que The Men Who Sold The World era a única música realmente diferente dos Nirvana: sim, mas porque é do David. Mais recentemente, e com o pouco que conheço do homem, achei que lhe assentava que nem uma luva Arnold Layne dos Pink Floyd, uma música sobre um… travesti, adequada portanto à natureza camaleónica de Bowie.

PS: Oportunamente, David Lynch e David Bowie, uma outra abordagem pelos flancos.

 

Acerca do conhecimento empírico

por Tiago, em 10.04.13

No rescaldo de mais um Paris-Roubaix, ganho brilhantemente por Fabian Cancellara, é pertinente lembrar uma das muitas histórias lendárias em torno da corrida. Um dos troços de pavé mais decisivos da corrida é o que atravessa a floresta de Arenberg; cerca de 2.5km de extrema dificuldade, a 90km do final, é um local onde não se ganha mas se podem perder todas as hipóteses de discutir a corrida.

A maior curiosidade está relacionada com a forma como foi incluído na corrida a partir de 1968. Perto do bosque existia uma mina, onde trabalhava Joseph Stablinski, filho de imigrantes polacos. A primeira “estrada” data do tempo de Napoleão e Stablisnki, fruto da sua profissão, passou por ali durante toda a sua vida de mineiro, antes de se tornar ciclista. Assim, foi ele que sugeriu à organização incluir este sector na corrida, transformando-a e conferindo-lhe uma dureza e misticismo ainda maior.

Acerca da opressão

por Tiago, em 08.04.13

Fitter Happier dos Radiohead é assustadora: há qualquer coisa nas notas soltas de piano e na voz do robot que remete para uma humanidade fria, sem emoções, completamente automatizada e alienada. Em termos visuais, este sentimento cortante de opressão está também presente em Pi de Darren Aronofsky onde o preto e branco, associados aos episódios demenciais e personagens sinistras construem um ambiente igualmente pesado e esmagador.

 

Acerca do fuoriclassismo

por Tiago, em 07.04.13

Uma expressão muito aplicada no ciclismo para definir os foras de série é fuoriclasse. No futebol, e em especial na pátria-mãe desta expressão, podemos aplicá-la a um tal Andrea Pirlo. Conhecido em Itália como Il'Architetto sempre apreciei a sua precisão e qualidade de passe. Além disso, gosto sempre de um médio com um desprezo por essa coisa, típica de nabos, que é correr: a habilidade de jogar parado, no máximo a passo, distingue-o de outros grandes play makers da história.

Apesar de ter passado nos maiores clubes italianos – Inter, Juventus e Milan – é na camisola deste último que sempre o recordarei. O meio campo com outros jovens como Seedorf, Gattuso, Ambrosini e Rui Costa era um conjunto de classe e rigor táctico provavelmente inigualável por outra equipa.

 

Acerca do evitar da lamechice

por Tiago, em 06.04.13

Apesar do óbvio sentimento e arrebatamento que pontuam as canções de Jeff Buckley, a maior qualidade que eu pessoalmente lhe reconheço é a capacidade de a interpretação soar sempre contida, como se estivesse espartilhada por uma qualquer razão. Se calhar por causa disto, músicas que provavelmente me soariam lamechas noutras vozes, soam admiravelmente com Jeff Buckley. Como se estivesse sempre à beira de um precipício, sem nunca cair dentro dele; sempre à beira das lágrimas sem nunca chorar; no fundo, uma tremenda classe a cantar o potencialmente foleiro noutra voz.

 

 

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