No sentido em que é música de tal maneira que faz crescer pêlos no peito. Serão as guitarras ásperas, será o ritmo arrastado e pesado de algumas músicas? Não sei. Eu próprio não sou black, nem rebel, nem aprecio motorcycles mas vinde cá que eu lá estarei de calças pretas justas, óculos escuros à Top Gun, camisola de alças branca e palito nos dentes para ver, ouvir e tudo mais.
Numa altura em que se preparam armas para o assalto às primeiras corridas importantes da temporada, é desta forma peculiar que o sprinter Andrea Guardini da Astana é caracterizado no site especializado CyclingNews.
“Like the former Juventus and AC Milan striker Filippo Inzaghi, it seems, Guardini can disappear from view for long periods, but when a half-chance falls his way, he finds a way to take it.”
Muitas vezes visto como um desporto onde a força nas canetas é o factor predominante, na verdade o ciclismo tem uma componente táctica muito própria. Era também nessa vertente que se destacava Inzaghi, nos estádios de futebol: constantemente desaparecido entre linhas, no limite do fora de jogo e um mestre a aparecer no momento certo com uma frieza glacial típica de um matador. No enetanto, para lá do facto de serem compatriotas, não há qualquer parecença no modus operandi de Inzaghi e Guardini, salvaguardando obviamente as devidas diferenças entre desportos. Guardini tem apenas uma arma, o sprint, sendo apenas viável em etapas curtas e 100% planas; algo mais e está fora da discussão. Tal falta de versatilidade não se aplicava ao camaleónico Inzaghi, capaz de marcar golos de todas as maneiras e feitios, adaptando-se a qualquer situação de jogo.
Num exercício puramente teórico (até porque é impossível fazer um estudo prático), o corredor mais parecido com Pippo será provavelmente Luis Leon Sanchez da Blanco Cycling: classe, recursos variados, perigoso em todos os terrenos e resistente. Mais perto de nós, o português Rui Costa é também um ciclista com estas características que lhe permitiram bater ciclistas mais fortes fazendo uso de um aguçado sentido táctico e de oportunidade.
Mais do que em qualquer outro estilo musical, existe nos blues um sentimento de continuidade e respeito que leva a que se construa sempre algo com referências explícitas ao passado. Neste caso, um exército que inclui B.B. King, Eric Clapton e Jimmy Vaughan numa espécie de tributo aos soldados conhecidos e entretanto caídos: Hendrix, King, Walker e em particular o homem caído em Alpine Valley.
"Heaven done called another blues stringer back home"