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Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Zanadu!

Crónicas de Timbuktu, Trevim e Lisboa (nos melhores dias)

Acerca do poder de uns rabiscos

por Tiago, em 26.02.13

A juntar ao poder descritivo típico da sua escrita, algumas edições das obras de Júlio Verne têm ainda desenhos de algumas das peripécias vividas pelas personagens. O meu exemplar de 5 Semanas em Balão (proveniente de uma colecção promovida pelo Correio da Manhã, quem diria) tem algumas ilustrações dignas de nota; não sei se são da autoria do escritor ou de um outro colaborador mas são de facto impressionantes. Em particular, a imagem do criado Joe, nas margens do lago Chade, desesperado para se fazer notar aos seus companheiros que o procuram incessantemente.

Na mesma viagem que lança os protagonistas nesta peripécia, os viajantes passam por Timbuktu, a mais misteriosa e lendária cidade do continente africano. Apesar de a minha edição não conter qualquer desenho alusivo a este episódio, encontrei esta imagem que se enquadra perfeitamente no estilo da anterior, pelo menos no meu entender de leigo em matéria de desenho, pintura e artes plásticas em geral. O enigma em torno da cidade era de tal ordem que foi oferecida uma recompensa de 10.000 francos para o primeiro explorador a visitar a cidade. Em 1828, o francês René Caillié tornou-se o primeiro a atingir Timbuktu, disfarçado de muçulmano, e a regressar vivo para contar a história. Não tinha sido melhor ter ido de balão?

Acerca da abertura belga

por Tiago, em 19.02.13
Mais do que no famoso Tour ou noutras provas por etapas como a Volta a Portugal, a verdadeira essência do ciclismo está nas provas de um dia, as clássicas, que assentam no conceito base de uma corrida de bicicletas: “Tá aqui a partida, tá ali a meta, o primeiro a chegar ganha”.

Nesse sentido, e também numa perspectiva histórica, a verdadeira temporada de ciclismo começa com o fim-de-semana belga, com a Omloop Het Volk no sábado e a Kuurne-Brussels-Kuurne no domingo. Se a segunda é actualmente uma corrida decidida ao sprint (caso os ventos do mar do Norte não soprem fortes), a primeira é uma verdadeira clássica do norte, porque contém tudo aquilo que as define:

   @ Hellingen são as famosas colinas da Flandres, tipicamente empedradas e com inclinações atrozes. Juntando o clima de Março, Abril da Bélgica com gelo, neve, chuva e vento, gera-se festa. Destacam-se nomes como Taaienberg, Bosberg, Kruisberg, Muur van Geraardsbergen, Kwaremont, Paterberg, Molenberg e muitos outros.

Nick Nuyens no Kapelmuur ou Muur van Geraardsbergen, no Tour de Flandres 2011.

   @ Pavé que são os sectores de empedrado que definem a corrida, gerando alguns dos momentos mais decisivos. Típicos da Flandres e do norte de França, têm o seu expoente de brutalidade máxima na zona de Roubaix onde se corre um dos monumentos do ciclismo, a Paris-Roubaix.

George Hincapie na floresta de Arenberg, o sector de pavé mais temido da Paris-Roubaix.

De um fã, fica o desejo de muita chuva, muito vento, muito frio e assim uma corrida para homens (e mulheres se quiserem) de barba rija. Como este ano não teremos o tradicional ataque (estica pernas vá) do rei Tommeke no Taaienberg, que ganhe o rei Trovão. Abaixo, Hushovd e Boonen na Het Volk de 2012. Nenhum ganhou.

 

Acerca da fúria reprimida

por Tiago, em 14.02.13

É difícil não gostar de uma música onde a frase "Would you like to learn to fly?" não tem qualquer significado poético/piroso do género aprender o que é a vida, o crescimento pessoal e tretas dessas. É apenas uma expressão que significa: "Ou tás calada ou saltas pela janela e vais dar ao rés-do-chão pelo caminho mais curto."

 

Acerca da impotência e do desespero

por Tiago, em 12.02.13

Mais do que a análise política da semana, o programa Governo Sombra da TSF vale a pena pelo conjunto de referências culturais, pop ou eruditas, que por vezes se tendem a perder no meio dos sound bites político-humorísticos tão procurados em tempos de crise.

Aquando da morte do radialista António Sérgio, a homenagem decretada pelo ministro Pedro Mexia foi a audição de I Can’t Escape Myself dos The Sound. Versos como “I’m sick and I’m tired of reasoning” e uma melodia tensa, intensa, claustrofóbica e assombrada redundam numa música bastante adequada.

 

Acerca do travestismo

por Tiago, em 10.02.13

Pouco gente previu um grande futuro a uns tais de Pink Floyd quando em 1967 lançaram o seu 1º single, "Arnold Layne", em que, desde logo, abordavam as grandes questões e bizarrias da Vida: a história de um travesti decadente (Arnold Layne) que tem o estranho hábito de roubar roupa de senhora dos estendais. É, aparentemente, uma letra baseada em experiências vividas pelas mães de 2 elementos - Roger Waters e Syd Barret. Enfim, estes ingleses, a escrever músicas tudo lhes serve para reflexão. Ou tendo em conta que eram os anos 60, possivelmente LSD a mais a correr nas veias.

Em 2006, o próprio David Gilmour deu-se ao trabalho de voltar a tocar a música e convidou uma das poucas pessoas a quem se pode dizer que a música assenta como uma luva sem ser um insulto: David Bowie. Daí resultou esta versão bastante fiel à original mas sem soar tão datada.

"Arnold Layne, don't do it again!"

 

Acerca do piroso sinfónico

por Tiago, em 09.02.13

Não, não é um comentário ao novo disco de Tony Carreira com a Orquestra Sinfónica de não-me-lembro-donde. Neste caso é uma espécie de piroso bem feito. Obviamente, levanta a questão: para quando as versões orquestradas dessa troika da música ligeira portuguesa constituída pelos inexcedíveis Dino Meira, Nelo Monteiro e Marco Paulo? Talvez quando tivermos o nosso próprio Mike Patton, o que, para já, não se me afigura como realista. No entanto, uma solução de recurso pode ser Armando Teixeira, homem que fez a versão disco do clássico “Mentira” de Dino Meira. Fica a sugestão.

 

Acerca da hilaridade do holocausto nuclear

por Tiago, em 05.02.13

Uma comédia sobre um tema tão engraçado como o holocausto nuclear é desde logo um ponto partida de alto nível. Sendo um filme do Kubrick com o grande Peter Sellers a interpretar três personagens diferentes, é uma combinação vencedora.

“Dr. Strangelove” já era um grande nome ao qual se junta um sub-título que parece ter sido escrito por um tipo com amor à Jamaica e sob a influência de substâncias: “How I learned to stop worrying and love the bomb”.

Os vários papéis de Peter Sellers são diferentes sendo quase impossível distinguir o homem em cada personagem:

- como oficial de ligação britânico numa base aérea norte americana, a certo ponto pede a um oficial americano que dispare sobre uma máquina de Coca-Cola e retire trocos para telefonar ao Presidente dos States de modo a evitar a catástrofe. Resposta do Americano, estereótipo do militar nacionalista, apontando para a máquina: “This is private property. You’ll have to answer to the Coca-Cola company”. Uma pérola.

- como Presidente dos EUA com um sotaque meio sulista ou o raio, ao telefone com o presidente da URSS que aparentemente está bêbedo e mais preocupado com questões de educação/etiqueta do que com a ameaça nuclear.

- como Dr. Strangelove, um físico nazi ao serviço dos EUA, com uma mão que aparentemente não obedece ao controlo do cérebro e o leva a fazer a saudação romana ao presidente dos EUA e a chamar-lhe Mein Fuhrer. Deve ser algum reflexo pavloviano.

Além disso há ainda um tal de coronel Ripper, ultra-nacionalista e anti-comunista que vê toda e qualquer frase do embaixador russo como um ataque comunista à segurança nacional. Enfim, uma sátira à Guerra Fria…..feita durante a Guerra Fria.

 

Acerca da essência de ser inglês

por Tiago, em 04.02.13

Sendo português, tendo a identificar-me pouco com algumas das características que são geralmente apontadas como tipicamente portuguesas nomeadamente o amor doentio pela saudade e o facilitismo (ou facilidades?) que percorre transversalmente toda a sociedade, seja no trabalho, negócios, ensino e tudo mais.

Na preparação do Dark Side of the Moon, Roger Waters entrevistou várias pessoas acerca de coisas como comida preferida, último episódio de violência, cor favorita, etc. Sempre de modo a perseguir as questões fundamentais abordadas nas letras do álbum: dinheiro, loucura, isolamento, morte.

As melhores respostas, podem-se ouvir em Breathe e Eclipse e são da autoria do porteiro dos estúdios de Abbey Road que, curiosamente, era irlandês. Destaca-se a frase que encerra o álbum: There’s no dark side of the moon really. As a matter of fact it’s all dark. Este pessimismo anteriano (expressão curiosa que ouvi uma vez a Pedro Mexia no Governo Sombra) sempre foi algo que associei aos ingleses. Sempre cépticos (União Europeia o que é isso?), sempre pragmáticos, sempre derrotistas.

Também em Time, transparece uma sensação de cansaço, resignação e desistência. Em particular, o verso Hanging on in quiet desperation is the English way revela também o estoicismo e resume a calma como encaram a velhice, o fim da vida e a sensação de falhanço com que se faz a sua retrospectiva. Talvez tenha uma costela britânica afinal.

 

Acerca da autobiografia schlemihl

por Tiago, em 03.02.13

Ultrapassou largamente o meu intelecto e inteligência em termos de significado da estrutura e interligação de cada plano mas principalmente ao nível do conjunto de referências e contexto cultural. Ainda assim, e como qualquer pessoa que se deseje socialmente integrada, também eu me identifiquei com a postura schlemihl à Benny Profane.

Acerca da pertinência/relevância

por Tiago, em 02.02.13

Um filme com pouca história: um psicopata tem como passatempo apagar jovens senhoras, três a três, usando um carro que, lá está, é supostamente "Death Proof". No fundo, é um pretexto para um gajo esquisito fazer um filme sobre aquilo que os americanos (quem mais teria um nome específico para isto?) chamam "muscle cars".

Enfim, o filme parece um bocado descabido, a história básica e o argumento enrolado mas a música... Cumpre o princípio básico: esquecida, série C e o mais eclética possível. Esta em particular é a melhor do filme.

 

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